domingo, 13 de novembro de 2011

Travessia

Eu sou muito jovem ainda,
Mas você insiste que preciso cruzar o oceano,
Largar a segurança da praia.
“É hora de partir, eu vou...”
Por que preciso ir?
Meus olhos já estão cheios de saudade,
Que eu não sabia existir,
E se derramam mais que toda a água do mar.
Você não vê?
Meu coração ficou tão pequeno – como uma ervilha -
Não pode suportar tanta dor!
Por que é preciso sofrer assim?
“A cera da vela queimando...”
Como pesa essa mala!
Tanto medo carrego dentro!
Você não se importa?
Olhe os meus olhos.
Tanto sentimento eles te contam!
Ah, o mar é tão escuro!
É tudo o que eu não sei.
“Vou-me embora pra bem longe...”
Eu tenho medo – o medo me prende
E aperta com tanta força o meu coração.
Ou não – talvez não seja isso.
Pode ser a saudade que se antecipa.
Pode ser...
Os retratos na parede descascada
(seus traços tão afeitos)
De repente embaçados.
Você não vê porque está tão escuro.
Você não ouve porque soluço em silêncio.
Tão profundo esse silêncio – tanto quanto o mar.
Esse mar que quer que eu atravesse.
Do lado de lá só a solidão.
Eu me desintegro – perco os retratos
E o que me resta:
uma parede descascada – desconhecida.
“A morte é o fim do novelo”.

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