quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Névoa de nada


Na terra, nos mares, nos ares,
O que faz germinar, multiplicar e que se
Estende sobre tudo – estás simplesmente.
E também no infinito, o todo - absoluto.
O céu e tudo o que nele ostenta.
Tão longe – inacessível.

És a vida que alimenta cada uma das células deste corpo
Porque o habitas – foi quem o criastes.
Ao mesmo tempo em que, se quiseres,
com poder supremo, o abraça
E o apequena.
Estás por toda parte. Tudo a ti pertence.

Estás tão perto e tão distante e tudo a ti volta.
És modesto como um olho d’água – o ponto de partida,
Mas também o trajeto e o mar aonde tudo deságua:
A tristeza profunda e a alegria desmedida
- o destino. Poderoso.

Somos somente aquilo que se perde,
que não se sustenta por si.
Somos a cria, a criatura, o fim em nós mesmos,
o pó que, depois de tornado vivo, feliz ou infeliz,
volta a ser pó.

Os meus braços se erguem porque assim o queres,
e se assim não queres,
Dirigem-se humildes, aflitos, em tua direção.

Absoluta a tua existência, absurda a minha.
Estás dentro de mim e sobre mim derramas toda a glória
E eu me sinto tão imperfeito.
És o soberano, o que não se explica.
E eu, o que sou senão pó,
a névoa,
o nada?

Foto: Uol