sábado, 30 de junho de 2012

Assim É


O tempo devora a hora, devora o dia, devora a vida.
Devora a toda hora o dia e a vida.
Todos os dias, a qualquer hora, devorando a vida.
Incansável o tempo – exaurida a vida – contam-se as horas.

Minha irmã foi morar num mundo arrevesado
Das coisas que não se explicam. De lá ela lança
pedras de indiferença. Em seu jardim de estalagmites
Pontiagudos sentimentos ela  cultiva.
E o tempo, insaciável, vai devorando tudo.

Um retrato em preto e branco e vários tons de cinza
Compunham a imagem que guardei dela em meus olhos.
Tão jovem e tão bonita; tantos sonhos – muitas cores.
Por essa época a vida era contida esperança.
Mas veio o tempo, impassível, amesquinhando a graça.

Não foi possível divisar os bons e ...(que nome dar?) dos outros instantes.
Eles se tornaram um rebanho maciço chamado vida,
De lembranças por vezes tão suaves que pensamos ter sonhado.
Ah,  quem me dera ser pastor dedicado e apascentar cada momento!
Enquanto o tempo, irrefreável, não nos leva as últimas horas.

A vida, o tempo leva a qualquer hora quando a luz dos olhos ele devora.

sábado, 2 de junho de 2012


Há tantas estrelas nesta noite.
Infinitas!
Algumas fugidias, outras fulgurantes.
Se criança eu fosse, pediria à primeira 
Que me ensinasse as coisas do mundo,
Que fizesse clarear em mim o mundo.
Mas o que há para além do que meus olhos alcançam:
Uma vasta indiferença – estrelas são.
Há tantos sentimentos dentro deste peito.
Infinitos!
A vida é toda esta noite:
Um pano escuro cheio de furos brilhantes.