domingo, 27 de novembro de 2011

Ciranda

O ladrão passou correndo
E levou o anel que tu me deste.
Não era vidro, era puro ouro – tu disseste!
Tanta estima que eu lhe tinha
e agora somente uma marca restou.

Senhor ladrão, talvez não saiba,
Não poderia mesmo saber,
Quanto me custa ver este dedo vazio
Nele eu exibia uma prova de amor.

Corre o ladrão com minha jóia,
E logo se forma uma ciranda de espanto.
atordoada, olho a marca que ele deixou.
“Vão-se os anéis, ficam os dedos”:
Alguém na roda, teatral, recitou.

Vamos dar a meia volta – volta e meia é que não dá.
O anel não volta mais – outro ainda profetizou.
E a roda assim como se fez assim se dispersou.
Vou pensando na minha perda...
Há muito se quebrara, não o anel,
Mas o amor que outro coração furtou.

Senhor ladrão, talvez não saiba,
Nem poderia mesmo saber,
O anel que tu levaste não era vidro e tem valor,
O amor que nele havia é que era pouco
E há muito se quebrou.

Ciranda, cirandinha... E tudo agora se acabou.

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