quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O Rio


O rio corta a cidade, ambos inquietos e escuros.
Suas águas, umas vezes impetuosas, tantas outras, oprimidas,
Vão descendo avenidas, vencendo obstáculos,
Exigindo pontes, seguindo em frente.

O rio, normalmente contido e resignado,
às vezes se faz bruto e transgressor.
Reclama espaço, se vinga e mata, para, depois,
Voltar conformado para seu leito - taciturno.

A moça passa e atira-lhe uma flor;
Brincando, o rio vai girando-a nos espirais;
Alguém passa e joga lá dentro o que não lhe serve mais.
Corre o rio com presteza e leva a sujeira dali.
Há outro que, debruçado na ponte, observa-o cheio de angústia.
Lágrimas caem - o rio colhe-as para sempre.

Ele, o rio, passa; não escolhe – recolhe e acolhe:
A flor, o lixo e as lágrimas. Nada recusa.
Leva o que lhe dão – um pouco de cada um.

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