segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Fada Minha


Eu não conheci minha avó materna.

Quando eu nasci ela já havia partido – houve um desencontro.

Mas desde menina senti muito carinho por ela,
como se tivesse sempre andado ao meu lado,
penteado os meus cabelos e enxugado as minhas lágrimas.

Ela era a minha fada.

Minha mãe falava dela com tanto amor,
contava sobre sua vida sofrida e eu, menina,
sentia os meus olhos declararem a ela todo o afeto
que não tive tempo de demonstrar.

Não havia em lugar algum qualquer fotografia dela –
naquela época fotografias eram coisa difícil.
Então, eu dei um rosto a minha avó,
criado com os meus sentimentos – os melhores:
um rosto delicado, tão suave! E eu a amei.

Para ela eu plantei flores, escolhi músicas.
É nela que eu penso quando ouço Sonata ao Luar (Moonlight Sonata),
É ela que imagino sentada na cadeira de balanço,
extasiada com o meu jardim.

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