domingo, 25 de agosto de 2013

Sertão


Todo dia é preciso negacear a dor
Que se sente por não ter, por não poder.
Esquece-se a dor do corpo
Pois que aquela que de fato não se sente
Pôs-se a doer muito mais.
A noite que vem chegando
Anuviou o horizonte.
Quem sabe amanhã?
Esperança é rebanho aniquilado,
Balindo desesperadamente.
Nessa terra esturricada, que surpresa,
De repente nasce uma flor.
Oh, que distração desmedida!
Sem querer foi esmagada.


Foto:Francisco Leal (http://www.piaui.pi.gov.br/noticias/index/id/8932)

3 comentários:

  1. Quem disse que a poesia não pode revelar a beleza que não há no sofrimento, na terra ressequida, na vida que ignoramos? Lindos versos, Ana Maria e linda imagem! Infelizmente, a seca se mantém bem viva! :)Boa terça!

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  2. "Uma flor nasceu na rua!
    Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
    Uma flor ainda desbotada
    ilude a polícia, rompe o asfalto.
    Façam completo silêncio,
    paralisem os negócios,
    garanto que uma flor nasceu."

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  3. Como sempre você escreve tristezas que iluminam e de certa forma, criam esperança...Gostei demais.
    :-)

    A Vanessa fez bem em lembrar do Drummond rs bela lembrança...

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