Sentadas no alpendre,
minha mãe e eu olhávamos as crianças brincando.
Sobre nós um silêncio de final de tarde - instante
inefável.
Parecíamos cada uma em
uma época,
Unidas pela presença
uma da outra.
Lá fora a vida corria
nos pés das crianças,
Que disso não sabiam –
nem do tempo,
Coisa que só se
descobre bem tarde.
De repente o tempo
presente soprou sobre nós a sua
existência,
Em forma de brisa que
pareceu despertar minha mãe.
E ela disse bem
baixinho, quase um lamento:
- Sinto tanto a falta
de minha mãe... uma saudade tão grande!
Eu olhei para ela sem
nada dizer – não podia!
Os seus olhos estavam
encobertos por uma névoa
Que, eu acho, se chama saudade.
Eu não sabia como ele,
o tempo, pudera buscar lembrança tão distante!
Eu não sabia que o amor
podia durar tanto!
Levantei-me e beijei os
seus cabelos.
Foi nesse instante que
notei como estavam brancos...
Então os meus olhos
também se cobriram de névoa.
Vi você e mãe sentadas em algum lugar lá de casa, vi até a minha avó, que não conheci, numa paisagem lá do baixadão, lá do Cedro,lá daqueles lugares nos quais nunca fui mas guardo no coração, de tanto ouvir falar deles nas lembranças da 'nossa' dona Isabel. Que 'coisa' mais bonita que você escreveu: foi uma ponte que uniu três gerações dessa família e isso não é pouco não (como você bem sabe).
ResponderExcluirAna Claudia
Aninha, que coisa mais linda!! Os meus olhos também se encheram de névoa. Um beijo. Cesar
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