domingo, 24 de outubro de 2010

Medo

O medo caminha lá fora.

Seu uniforme cinza, sua cor pálida, suas mãos frias.
O medo tem medo que mudem o caminho,
Que troquem as placas, que a luz se apague.

O medo percorre ruas sombrias, de cabeça baixa
E passos sufocados.

Nos corredores do colégio, corredores tão longos,
O medo, tão pequeno, caminha com medo.
Tem medo da freira que governa a escola,
Sua mão de ferro, seu semblante de ferro.

Os portões se abrem – o caminho é o mesmo de todo dia,
Mas o medo, coitado, tem pavor das sombras.
Ah, o medo é tão frágil! E se o ônibus se atrasa?
E se faltar tempo? E se sobrar?
Há tantos buracos na sua estrada...

A palavra ensaiada. Fique calado – podem te ouvir!

O medo calado. Um coração apertado batendo
Dentro da armadura. Batendo baixinho.
Com muito medo.

3 comentários:

  1. Eu lembrei de todos os meus medos lendo seu texto, quer dizer que ele é bom de verdade, né?
    Gostei muito.

    bjs
    Anaclaudia

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