Maria era dura como a pedra onde batia a roupa de suas crianças.
Quanto mais a vida a maltratava, mais um pouco Maria endurecia.
Não que seu coração tivesse essa dureza.
Maria às vezes se fazia gentil, uma gentileza desacostumada,
Áspera, pois com a vida de outro jeito não aprendera.
Não sei se Maria sofria – ela era dura como o ferro,
Seu nome não rimava jamais com alegria.
Quando a vida dela zombava, Maria esperneava, gritava e
Depois... Depois Maria seguia.
As crianças que por ali nasciam, primeiro viam Maria.
Maria parteira, Maria que nunca partia.
Acho que Maria vivia porque a vida ali a queria.
Tanto que Maria às vezes perguntava:
"será que Deus de mim não se alembra?"
Eu acho que foi birra da vida que
Tanto queria dobrar Maria.
Mas, um dia, a morte chegou e, com grande respeito,
Desculpando-se, chamou Maria.
Maria, cansada, centenária, despiu-se de sua brabeza
e, obediente, a seguiu.
Quanto mais a vida a maltratava, mais um pouco Maria endurecia.
Não que seu coração tivesse essa dureza.
Maria às vezes se fazia gentil, uma gentileza desacostumada,
Áspera, pois com a vida de outro jeito não aprendera.
Não sei se Maria sofria – ela era dura como o ferro,
Seu nome não rimava jamais com alegria.
Quando a vida dela zombava, Maria esperneava, gritava e
Depois... Depois Maria seguia.
As crianças que por ali nasciam, primeiro viam Maria.
Maria parteira, Maria que nunca partia.
Acho que Maria vivia porque a vida ali a queria.
Tanto que Maria às vezes perguntava:
"será que Deus de mim não se alembra?"
Eu acho que foi birra da vida que
Tanto queria dobrar Maria.
Mas, um dia, a morte chegou e, com grande respeito,
Desculpando-se, chamou Maria.
Maria, cansada, centenária, despiu-se de sua brabeza
e, obediente, a seguiu.
Obediente - como a vida nunca viu.
(À Dona Maria d'Otávio, que partiu aos 105 anos de idade.)
bonito e triste, mas o que fica é a beleza...
ResponderExcluir