Vou explicar como é e você não se perderá.
É casa pequena, não se empolgue!
Por fora, as paredes foram cobertas de pedras claras e
planas para que não fosse preciso decidir a cor. Quando bate o sol, há pontos
brilhantes que parecem diamantes e, se há lua, parecem pequenas estrelas...
Nas janelas há gerânios floridos que dão um pouco de
trabalho, mas, quando chega a primavera, eles se exibem tanto para os de fora
quanto para os de dentro. E como são coloridos!
Em volta da casa há o gramado, bem verdinho, parece um
tapete, salpicado de flores; algumas, enormes, como as dálias e as hortênsias;
há também perfumadas como as gardênias e os jasmins; e não há como esquecer as
camélias, simplesmente porque elas não me deixariam esquecê-las – majestosas como
são. Quase me esqueço das rosas – diferentes tamanhos e cores... é bem verdade
que não foram plantadas de forma disciplinada, pois estão espalhadas
aleatoriamente, mas florescem com generosidade.
Adiante, vê-se algumas oliveiras (poucas, é verdade), mas que,
espalhadas assim, produzem um grande efeito, principalmente se a noite é clara
e o vento balança as suas folhas prateadas.
O caminho que conduz à casa é um pouco estreito (é preciso
ir devagar), e há uma porção de pequenas pedras brancas, arredondadas. Acho que vieram do riacho que corre a uns
quinhentos metros daqui. Ele vem da grande montanha que se pode avistar da
varanda da casa e também dos quartos e da cozinha. A montanha está quase sempre
meio azulada... talvez seja por conta das grandes araucárias que a sobem numa
grande procissão verde azulada. E, para que não se engane, há lavandas dos dois
lados de todo o caminho da entrada. Você sentirá o perfume suave que te
acompanhará até a casa.
Mas, voltemos ao riacho. Não é profundo, aliás, é bem raso.
Em toda a sua extensão há pedras arredondadas e algumas escarpadas. Deve ser obra da água sempre a correr por
cima delas (os tais seixos rolados, que engraçado!). De tanto serem lavadas, ficaram assim,
branquinhas. O riacho passa e é bom
ouvi-lo passando para depois se embrenhar numa mata pequena e verdinha que fica
ao fundo da casa, para onde parecem caminhar todas as árvores, até mesmo as que
plantei depois.
Os pássaros parecem gostar daqui e não
fazem muita cerimônia. Logo de
manhãzinha é tanta cantoria e trocam de lugar (dos galhos para a relva e de lá
para cá) o tempo todo. Parece que não se cansam nunca. Acho que seria bom ser pássaro.
Não sei se disse antes, a casa é pequena. Não se empolgue muito.
Foto: Danielli Vargas - http://www.flickr.com/photos/danivargas