Deixe eu ir, mãe.
Sou um homem e sei tudo o que preciso saber.
Deixo não, meu filho, muito ainda há pra aprender.
Tanta coisa tenho pra te ensinar.
Fica aqui, filho.
Fica aqui, filho.
Fico não, mãe. Aqui a vida parece parar e há tanto
a conhecer.
Quero ver o que é que há para as bandas de lá.
Vou arrumar um emprego, vou ter dinheiro, mãe há
de ver.
Pode não, meu filho! Será que não ouviu as notícias?
Lá é tão perigoso! Aqui não, tudo se sabe – tão
seguro!
O mundo é só isso, um passo pra cá, outro pra lá
E essa dança termina no mesmo lugar.
Vou indo, mãe, que aqui não quero mais ficar.
Quero estar na tal roda que gira, aqui a vida há muito parou.
Volto um dia, mãe, com muita história pra contar.
Vai não, meu filho. Não sei se te disse que um dia
essa roda emperra,
A terra embrulha o corpo, apaga o sorriso, esconde a presença.
O perfume o vento leva – tudo, meu filho, até a
lembrança um dia se encerra.
Volta, meu filho, volta. Que o tempo anda tão
rápido...
Muito bonito, e muito significativo. Que esse embate entre pais e filhos não emperre a roda, ao contrário, a faça girar!
ResponderExcluirSe a gente pudesse ter os filhos sempre perto da gente... É assim mesmo que acontece. Lembro dos olhos da minha mãe ao me ver partir. Sabia que não adiantaria pedir. Enfim...essa é a vida, os passos, o caminhar e uma lágrima que surge com a leitura do seu texto! Um beijo!
ResponderExcluirEsse poema foi escrito para todos os filhos que vão embora: é um poema atemporal, eterno e carregado de sentimentos contraditórios, por isso, é bonito 'toda vida'.
ResponderExcluirA.C.V
Que texto lindo!!
ResponderExcluirGostaria de compartilhar em minha página, mas aqui não aparece a opção. Bjs