A casa, ainda em
construção, não tinha portas.
Janelas sim – bem
amplas como sempre quisera.
De manhã fui visitá-la
e encontrei o sol
Passeando pela casa, clareando,
aquecendo.
À tarde, lá fui eu
outra vez, desejando que num passe de
mágica
A casa ficasse pronta –
qual nada!
Era feriado e nenhum
trabalhador se dispusera a concretizar o meu sonho.
Sentei-me na porta da
casa inacabada e admirei o sol indo
Para trás da montanha,
lançando sobre a “minha” casa seu último olhar
- caprichoso deleite.
Voltei-me e vi a lua
surgindo, enorme, clarinha, clarinha...
como uma fada em
sua alvura.
Tranqüila, foi subindo
devagar e ficando cada vez mais brilhante, imponente
- certa da minha
admiração.
A claridade entrava
pela casa, como a fazer uma inspeção.
De repente me dei
conta: a casa era feita de luz
E as casas feitas de
luz demoram mais que as outras
Porque é preciso que
primeiro se tenha o sonho,
Depois uma montanha
aonde nasça o sol e outra aonde se esconda;
Também é preciso que tenha
lua e estrelas
E uma varanda de onde
se possa admirar a chuva.
É preciso cultivar o
jardim e atrair os pássaros.
Por isso demora tanto
para que se tenha a casa pronta.
Foto: Lasara Vargas
Foto: Lasara Vargas