A menina guardava sementes de alegria
no bolso de seu vestido rodado,
Com as letras do alfabeto, flores e bichinhos,
caprichosamente bordados.
Cuidado, menina, não semeie ainda essas sementes.
É preciso guardá-las com muito cuidado,
que a vida agora é sofrer.
Guarda, pois, essas sementes para mais tarde.
Repetia a mãe, como um mantra sagrado.
E a menina segurava com força as sementes no bolso,
com muito zelo e obediência.
O que a mãe não sabia (a menina também não
porque essas coisas só se aprendem no caminho),
é que a vida não se borda com tanto esmero,
não tem esboço... vai-se bordando, cada dia um pouquinho.
A menina cresceu e o vestido já não lhe serve.
E as sementes de alegria, como mãe e filha agora
sabem,
Estão goradas - não germinam, não florescem mais.
Imagem: Duy Huynh