As histórias
de minha mãe são povoadas de santos,
Assim também
eram as da mãe dela.
Sua visão parece
ser o seu sentido mais aguçado
Embora tenha
lhe sobrado somente a de um olho.
Minha mãe
reza e pede a Santa Luzia que o proteja.
Durante anos
tentei decifrar-lhe os sonhos
Mas acho que
estavam muito bem guardados
Por todos os
seus santos.
Ou talvez
deles também ela os tenha ocultado,
Pois,
sonhar, sonhos de felicidade,
Não era
permitido por nenhum santo
Acostumados que
são às dores e ao sofrimento.
Herdamos
seus anseios, seus medos – sonhos talvez?
Não podemos
afirmar - jamais afirmamos.
Minha irmã se
ressente da ausência de mimos
- Sementes
que nunca vingam.
A corrente nunca
se quebra?
Quero
crer.
Valei-nos
todos os santos de nossa mãe.
Foto: Ana Claudia/Lásara