O tempo devora a hora,
devora o dia, devora a vida.
Devora a toda hora o
dia e a vida.
Todos os dias, a
qualquer hora, devorando a vida.
Incansável o tempo –
exaurida a vida – contam-se as horas.
Minha irmã foi morar
num mundo arrevesado
Das coisas que não se
explicam. De lá ela lança
pedras de indiferença.
Em seu jardim de estalagmites
Pontiagudos sentimentos
ela cultiva.
E o tempo, insaciável,
vai devorando tudo.
Um retrato em preto e
branco e vários tons de cinza
Compunham a imagem que
guardei dela em meus olhos.
Tão jovem e tão bonita;
tantos sonhos – muitas cores.
Por essa época a vida
era contida esperança.
Mas veio o tempo, impassível,
amesquinhando a graça.
Não foi possível divisar
os bons e ...(que nome dar?) dos outros instantes.
Eles se tornaram um
rebanho maciço chamado vida,
De lembranças por vezes
tão suaves que pensamos ter sonhado.
Ah, quem me dera ser pastor dedicado e apascentar cada
momento!
Enquanto o tempo,
irrefreável, não nos leva as últimas horas.
A vida, o tempo leva a
qualquer hora quando a luz dos olhos ele devora.