terça-feira, 25 de agosto de 2015

O Endereço


Vou explicar como é e você não se perderá.

É casa pequena, não se empolgue!
Por fora, as paredes foram cobertas de pedras claras e planas para que não fosse preciso decidir a cor. Quando bate o sol, há pontos brilhantes que parecem diamantes e, se há lua, parecem pequenas estrelas...
Nas janelas há gerânios floridos que dão um pouco de trabalho, mas, quando chega a primavera, eles se exibem tanto para os de fora quanto para os de dentro. E como são coloridos!
Em volta da casa há o gramado, bem verdinho, parece um tapete, salpicado de flores; algumas, enormes, como as dálias e as hortênsias; há também perfumadas como as gardênias e os jasmins; e não há como esquecer as camélias, simplesmente porque elas não me deixariam esquecê-las – majestosas como são. Quase me esqueço das rosas – diferentes tamanhos e cores... é bem verdade que não foram plantadas de forma disciplinada, pois estão espalhadas aleatoriamente, mas florescem com generosidade.
Adiante, vê-se algumas oliveiras (poucas, é verdade), mas que, espalhadas assim, produzem um grande efeito, principalmente se a noite é clara e o vento balança as suas folhas prateadas.

O caminho que conduz à casa é um pouco estreito (é preciso ir devagar), e há uma porção de pequenas pedras brancas, arredondadas.  Acho que vieram do riacho que corre a uns quinhentos metros daqui. Ele vem da grande montanha que se pode avistar da varanda da casa e também dos quartos e da cozinha. A montanha está quase sempre meio azulada... talvez seja por conta das grandes araucárias que a sobem numa grande procissão verde azulada. E, para que não se engane, há lavandas dos dois lados de todo o caminho da entrada. Você sentirá o perfume suave que te acompanhará até a casa.

Mas, voltemos ao riacho. Não é profundo, aliás, é bem raso. Em toda a sua extensão há pedras arredondadas e algumas escarpadas.  Deve ser obra da água sempre a correr por cima delas (os tais seixos rolados, que engraçado!).  De tanto serem lavadas, ficaram assim, branquinhas.  O riacho passa e é bom ouvi-lo passando para depois se embrenhar numa mata pequena e verdinha que fica ao fundo da casa, para onde parecem caminhar todas as árvores, até mesmo as que plantei depois.

Os pássaros parecem gostar daqui e não fazem muita cerimônia.  Logo de manhãzinha é tanta cantoria e trocam de lugar (dos galhos para a relva e de lá para cá) o tempo todo. Parece que não se cansam nunca.  Acho que seria bom ser pássaro.

Não sei se disse antes, a casa é pequena.  Não se empolgue muito.

Foto: Danielli Vargas - http://www.flickr.com/photos/danivargas

2 comentários:

  1. Querida amiga Anamaria

    Um texto que nos faz imaginar,
    é um texto precioso.
    A casa, o riacho, o perfume de vida
    que pode ser sentido,
    a vontade de ser pássaro,
    tudo isso é belo,
    tudo isso é pleno...

    _______________________________

    Desejo que desejes ser feliz.
    Toda felicidade do mundo
    começa com um simples desejo de alegria.

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  2. Lindo, me fez viajar por esse lugar!! Cesar

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